Isoprofilaxia não é Homeoprofilaxia
Artigo - Revista IJHDR


Caros Colegas Homeopatas e Amigos,

 

O modelo terapêutico homeopático pode ser empregado na prevenção de doenças epidêmicas (homeoprofilaxia), desde que os medicamentos sejam escolhidos individualmente segundo o princípio da similitude sintomática e em conformidade com a totalidade de sintomas peculiares à epidemia (medicamento do “gênio epidêmico”), com exemplos seculares descritos na literatura. O uso de “nosódios” ou “isoterápicos” para prevenir doenças epidêmicas (isoprofilaxia), escolhidos segundo o princípio da identidade etiológica, desprezando a individualização sintomática e a experimentação patogenética prévia das substâncias, não é suportado pela episteme homeopática hahnemanniana.

 

Em 2009, eu publiquei uma revisão sobre a aplicação curativa e preventiva da homeopatia hahnemanniana nas doenças epidêmicas no International Journal of High Dilution Research (IJHDR) e, em 2010, na Revista de Homeopatia (APH) (abaixo), em conformidade com o emprego dos medicamentos homeopáticos selecionados segundo o princípio da semelhança sintomática, utilizando remédios “constitucionais” ou do “gênio epidêmico”:

 

http://www.feg.unesp.br/~ojs/index.php/ijhdr/article/viewFile/360/407

 

http://www.aph.org.br/revista/index.php/aph/article/view/36/68

 

Por desprezar os referidos aspectos epistemológicos do modelo homeopático clássico de aplicação bi-secular, eu critiquei o uso indiscriminado de medicamentos “isopáticos” (“isoterápicos”, “nosódios” ou “bioterápicos” selecionados segundo o princípio da identidade etiológica) como prática profilática regular em doenças epidêmicas infantis, em substituição da imunização ou vacinação clássica. Além disso, salientei a necessidade da “individualização” dos medicamentos do gênio epidêmico (GE) para o tratamento e/ou a prevenção de cada novo surto de uma mesma doença epidêmica, assim como para as diferentes fases de cada surto.

 

Alegando que “eu não consegui compreender plenamente o Princípio dos Semelhantes”, Isaac Golden (terapeuta homeopático australiano, não-médico) publicou na edição recém-publicada do IJHDR uma crítica às minhas considerações (abaixo), dizendo que “eu usei um duplo padrão ao comparar as evidências do uso de remédios do GE e de nosódios”, que “eu descaracterizei as informações que demonstram a segurança de longo prazo da homeo(iso)profilaxia” (Golden mistura os conceitos de homeo- e iso-profilaxia indistintamente, para justificar o uso dos nosódios, confundindo os leitores menos atentos), e que eu “não tenho consciência das evidências científicas disponíveis que endossam o uso profilático dos nosódios”:

 

http://www.feg.unesp.br/~ojs/index.php/ijhdr/article/view/687/692

 

Infelizmente, embora eu tenha embasado a minha revisão inicial nas premissas que fundamentam o tratamento (prevenção) homeopático de doenças epidêmicas em conformidade com diversas referências do Organon da Arte de Curar e diversos Escritos Menores de Samuel Hahnemann, obras que fundamentam o modelo epistemológico homeopático, parece que Golden não as leu, porque muitos de seus questionamentos epistemológicos ora levantados estão elucidados na revisão original. O mesmo ocorre em relação aos aspectos científicos e éticos.

 

Em vista disso, buscando responder aos questionamentos de Golden, eu agradeço a oportunidade concedida pelo Editor do IJHDR para ampliar a discussão sobre os aspectos epistemológicos, científicos e éticos anteriormente abordados numa nova revisão mais completa (abaixo), destacando, mais uma vez, que o “programa de isoprofilaxia” proposto por Golden “não é suportado pela episteme homeopática”, “não apresenta evidências científicas que atestem a sua segurança e eficácia” e “viola os aspectos bioéticos da beneficência e da não-maleficência”, posição corroborada por instituições homeopáticas de renome em todo o mundo:

 

http://www.feg.unesp.br/~ojs/index.php/ijhdr/article/view/707/687

 

Apesar de essas conclusões afetarem “milhares de praticantes da homeopatia em todo o mundo que usam programas de imunização isopática baseados em nosódios” conforme a alegação de Golden, o estímulo desses terapeutas não-médicos à substituição dos programas de imunização clássica por programas de imunização isopática, sem comprovação científica da sua eficácia e da sua segurança, traz grandes malefícios à reputação da Homeopatia, sendo veiculado na imprensa em diversas ocasiões com o intuito de denegrir a prática médica homeopática ética e consciente.

 

Atenciosamente,
 

 

Marcus Zulian Teixeira
www.homeozulian.med.br

www.novosmedicamentoshomeopaticos.com